O QUE A ONG FAZ...

"Um novo modo de pensar, para uma nova maneira de agir." É com esse lema que nós buscamos levar educação em direitos humanos, política e cidadania para todos que queiram discutir tais conceitos, acreditando que a partir da reflexão e discussão dos temas de interesse geral do cidadão, cada um tem a capacidade em si de transformar sua realidade.

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Você pode entrar em contato com a ONG Pensamento Crítico através do email pensamento_critico@pensamentocritico.org, ou nos visitar em nosso endereço: Rua Cristiano Viana, 841, CEP 05411-001, Pinheiros, São Paulo, SP ; pelo telefone 3228-4231; ou através de nossas mídias sociais.

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL LUTA PELA VISÃO CRÍTICA DA MÍDIA


Dentro do Fórum Social Mundial deste ano, uma das palestras que trouxe alguns pontos vitais de discussão em relação à comunicação e à liberdade de expressão, este último, direito fundamental do ser humano descrito em nossa Constituição Federal, foi aquela com o tema de “Comunicação e educação: capacitando a sociedade para uma leitura crítica da mídia”, coordenada pelo Sr. José Luiz Nascimento Sóter, com a participação dos painelistas Roseli Goffman, psicóloga e representante do Conselho Federal de Psicologia da Coordenação executiva do FNDC, Christa Berger, coordenadora do Programa de Pós- Graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos, e ainda Celso Schröder, coordenador-geral do FNDC, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas e presidente da Federação dos Jornalistas da América Latina e Caribe.

A primeira questão levantada, que nos remete ao supremo interesse financeiro da mídia, em particular da rede televisiva, ao selecionar sua programação, tem o importante papel de alertar às enormes quantidades de mensagens subliminares, assim como aquelas diretamente apresentadas, a que nos expomos todos os dias, sendo que aqueles provenientes dos mais excluídos nichos sociais são freqüentemente os mais afetados por estas representações exageradas e induzidoras da realidade, vez que encontram neste meio de comunicação da televisão uma maneira rápida e “divertida” de passar o tempo, sem a necessidade de grandes análises de sua atual situação e de seu meio social.

Ademais, os painelistas discutiram com intensidade a função exercida pela televisão e outros meios de comunicação na educação da infância e juventude, já que não é incomum que sejam estes instrumentos utilizados a fim de manter crianças e adolescentes seguros em casa, mormente quando é impossível a contratação de uma babá ou o permanecimento dos pais em casa. Com isso, torna-se um hábito que aqueles passem entre 4 e 5 horas diárias diante do aparelho de TV, recebendo interminantemente imagens falsas que transmitem, como não poderia deixar de ser, falsas verdades que incitam e definem a mente em formação.

Neste passo, resta claro que a população brasileira, dentro de todas as suas camadas sociais, tem afetação profunda da mídia e do que por esta é passado, sendo, por essa razão, determinante uma reflexão crítica norteando o conteúdo encontrado naquela.

Assim, é comum a exacerbação das cenas eróticas em novelas, a exposição constante do público à violência, descrevendo crimes e acontecimentos trágicos apenas para o aumento do ibope e ganho de renda em anúncios, e a genérica colocação do ideal consumista-burguês, a imposição de um controle social, reprimindo a luta de classes e sua conseqüente mobilidade e a apregoação da felicidade imediata, o carpe diem hedonista, todos estes fatores que influem para uma sociedade cada vez mais individualista, competitiva e cruel.

É preciso considerar, de fato, a relação de oferta e procura existente na disposição do conteúdo midiático, já que, como é a filosofia do mercado capitalista, não haverá a produção de certo bem de consumo, se não houver aquele que o compre. Vale, contudo, asseverar à possibilidade de que a mídia, nos moldes em que encontramos hoje, somente intensificou-se com a implementação do capitalismo e, por esta linha de pensamento, tem como vínculo de existência a própria venda deste sistema, sem o qual, inevitavelmente, perderia sua base e teria que ser intrinsecamente reformulada.

Foi em vista destas falhas estruturais e nas graves conseqüências das mesmas que estamos congregando em nosso seio social, que foram sugeridas algumas reformas na maneira de se definir o conteúdo repassado pelos meios de comunicação no Brasil. Os painelistas trouxeram algumas conclusões a respeito das possibilidades de realização deste “controle de qualidade” em nossa mídia, tais como:

  • O fim da publicidade na qual estejam crianças de até 12 anos, com o fim de permitir que estas desenvolvam primordialmente seu senso cidadão, anteriormente à aquisição dos valores capitalistas da competitividade e do consumo;
  • A não publicação de anúncios relacionados a bebidas alcoólicas, a fim de não influenciar crianças e jovens a sua ingestão, como hábito natural e positivo;
  • Impedir o enobrecimento do automóvel e do meio de transporte individual de maneira irreal, como forma de ascensão individual na sociedade, procurando arrefecer o sentimento interno de que a possibilidade de se ter um carro iguala-se ao sucesso pessoal;
  • Acabar com propagandas e mensagens em programas televisivos, de rádio, jornais e revistas, que induzam ao receptor aceitar que a sociedade é estática e o cidadão deve ser controlado, para que não aja indevidamente e quebre a chamada “ordem social” do capitalismo.

Se, à primeira vista, possam tais sugestões parecer um tanto “censuradoras” da já mencionada liberdade de expressão, vale verificarmos esta questão mais a fundo. Será que pode ser considerada censura a definição de conteúdos educativos e não manipulativos à nossa população? E mais, será que aqueles que fossem responsáveis pelo próprio “controle” não seriam corrompidos por grupos dominantes, violando, portanto, ao revés, a informação repassada? Ou já existe uma censura implícita na informação recebida, sempre atendendo a interesses ocultos de elites e poderosos?

Pois, não fazem mais do que 18 anos desde que teve o fim a ditadura, triste tempo durante o qual uma das armas do regime era, inegavelmente, a censura dos meios de comunicação, para que somente fossem publicados fatos que agradassem ao governo. Assim, inseriu-se em nossa Constituição Federal, como oposição à postura adotada até então, a cláusula que empodera o cidadão e lhe permite a livre declaração de suas vontades, reclamações e insatisfações, por meio do ditado de que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

Ainda assim, bem como diversos outros mandamentos de nossa Carta Magna, apresentam beleza nas idéias e falhas na prática, já que é sabido que a vasta maioria dos meios de comunicação no Brasil, em particular daqueles com maior alcance, são monopolizados por pequeníssimos grupos de ricos e poderosos, variando-se entre governantes, líderes religiosos e empresas milionárias, algumas, inclusive, controladas por pessoas que abertamente apoiaram a ditadura.

Talvez, portanto, não baste uma tentativa de se melhorar o conteúdo apresentado em nossa mídia por meio de um controle externo e duvidoso da mesma, sendo necessária a verdadeira reviravolta no controle da mesma, possibilidade esta, entretanto, pouco possível de ocorrer.

É por mais essa razão que torna-se sobremaneira relevante a análise crítica destes veículos, sendo necessária, portanto, uma conscientização social desde os primeiros anos da infância, por meio da escola e de outros círculos pelos quais a criança passa, demonstrando ao ser humano, desde a mais tenra idade, como é simples identificar a manipulação e o abuso utilizada, por vezes, nos meios de comunicação, e o viés puramente mercadológico que estes vêm assumindo e como, afinal, devem ser interpretados por cada um de nós.

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