O QUE A ONG FAZ...

"Um novo modo de pensar, para uma nova maneira de agir." É com esse lema que nós buscamos levar educação em direitos humanos, política e cidadania para todos que queiram discutir tais conceitos, acreditando que a partir da reflexão e discussão dos temas de interesse geral do cidadão, cada um tem a capacidade em si de transformar sua realidade.

COMO PARTICIPAR?

Você pode entrar em contato com a ONG Pensamento Crítico através do email pensamento_critico@pensamentocritico.org, ou nos visitar em nosso endereço: Rua Cristiano Viana, 841, CEP 05411-001, Pinheiros, São Paulo, SP ; pelo telefone 3228-4231; ou através de nossas mídias sociais.

Cultura: Importância estratégica

A política cultural é vetor decisivo na construção do modelo de desenvolvimento contemporâneo de uma nação. Arte e cultura são essenciais aos sistemas de inovação de uma sociedade e de um país. Sua força simbólica e dinâmica econômica produzem, a um tempo, aprofundamento da cidadania, qualificação de ambientes sociais, sustentabilidade, respeito à diversidade, complexidade no processo educacional dos indivíduos e redução de níveis de violência direta. É através dos valores culturais que cada pessoa enxerga-se como sujeito pertencente a uma nação, algo que gera reconhecimento próprio e de seu lugar social.

A política cultural guia-se pelo reconhecimento das necessidades do cidadão, seu direito de acessar patrimônios simbólicos herdados e a possibilidade de desfrutar de tendências criativas atuais, ampliando o consumo de bens culturais qualificados, garantindo serviços culturais regulares e disponibilizando meios para a produção cultural de maneira democrática. Ao promover liberdade de expressão e direito ao consumo, a cultura realiza sentidos de humanidade, vitalizando processos constantes de transformação e atualização das sociedades das quais participamos.

Ao propor políticas públicas, o Estado Brasileiro também aposta na formação ética dos indivíduos, sua existência pública e seus cultivos privados, o que requer relacionamentos constantes com as dimensões estética, perceptiva, simbólica e conceitual. Só assim a superação de adversidades alimentará o apreço a valores humanos e à auto-descoberta da diversidade humana.

Nessa perspectiva, a política cultural é o fator de inclusão social, sem o qual a redução de desigualdades não gera ambientes de prosperidade subjetiva, uma vez que faltam opções de lazer, alternativas de geração de renda e ampliação de possibilidades de comunicação. Assim, o primeiro desafio é combater as relações assimétricas que caracterizam o acesso à cultura e à arte no País, rompendo com forças inerciais da exclusão sócio-cultural.

O patrimônio cultural brasileiro, nosso imaginário, nossa arte e nossos hábitos são um capital simbólico valorizado que tem contribuído para a recepção positiva do País no mundo e se transformado em uma importante ferramenta geopolítica. A diversidade cultural é nossa marca distintiva, nossa fonte de riquezas, nosso patrimônio. Nosso artesanato, por exemplo, move uma indústria contemporânea que se estabelece com a arquitetura, o design, a moda e a gastronomia.

Além disso, as artes visuais, a música, o cinema, a literatura, o teatro, outras artes e manifestações culturais brasileiras são cada vez mais dinâmicas em sua circulação no ambiente mundial. Essas vibrantes e lucrativas dinâmicas da nova economia mundial apresentam taxas de expansão ao redor de 6% ao ano e representam, hoje, aproximadamente 7 % do PIB mundial. No Brasil, em 2007, o setor cultural constituía-se de 320 mil empresas, representando 5,7% do total, e responsável por 1,6milhões de empregos formais.

A agenda da cultura tem forte interação com a mundialização de nossa economia e com o reposicionamento político internacional do País. Será cada vez mais estratégica na superação de velhas assimetrias e de comércios injustos entre os países pobres e ricos, na medida em que as questões de desenvolvimento migram para o campo da economia do conhecimento, crescem as formas de contratação de inteligência e de trabalho imaterial, e ganham importância novas formas de gestão de propriedade intelectual e direito autoral.

A cultura é estratégica para o País. Sua presença no campo das políticas de Estado requer aprofundamento para que não se reduza a adereço do desenvolvimento ou enfeite de nossa mundialização, mas seja o que é: o fator estruturante e regulador das relações sociais e da própria noção de desenvolvimento do Brasil.

Fonte: http://www.sae.gov.br/brasil2022/?p=177

Brasil é terceiro pior do mundo em desigualdade

ONU afirma que País tem baixa mobilidade socioeconômica e só perde para Bolívia e Haiti em diferença entre ricos e pobres

Leandro Colon / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

O Brasil tem o terceiro pior índice de desigualdade no mundo e, apesar do aumento dos gastos sociais nos últimos dez anos, apresenta uma baixa mobilidade social e educacional entre gerações. Os dados estão no primeiro relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre América Latina e Caribe.

Segundo o estudo, a região é a mais desigual do mundo. "A desigualdade de rendimentos, educação, saúde e outros indicadores persiste de uma geração à outra, e se apresenta num contexto de baixa mobilidade socioeconômica", diz o estudo do órgão da ONU concluído neste mês.

Entre os 15 países com maior diferença de renda entre ricos e pobres, 10 estão na América Latina e Caribe. Na região, o Brasil empata com Equador e só perde para Bolívia e Haiti em relação à pior distribuição de renda. Quando outros continentes são incluídos, a Bolívia ganha a companhia de Madagáscar e Camarões no primeiro lugar, e o Haiti tem ao seu lado, na segunda posição, Tailândia e África do Sul. Para o PNUD, esses países apresentam índices "muito altos".

O relatório do órgão da ONU destaca que a maior dificuldade na América Latina é impedir que desigualdade social persista no decorrer de novas gerações.

Pobreza. "A desigualdade reproduz desigualdade, tanto por razões econômicas como de economia política", afirma trecho do documento. E os números não são nada bons para o Brasil. Cerca de 58% da população brasileira mantém o mesmo status social de pobreza entre duas gerações, enquanto no Canadá e nos países nórdicos, por exemplo, esse índice é de 19%.

"Estudos realizados em países com altos níveis de renda mostram que a mobilidade educacional e o acesso a educação superior foram os elementos mais importantes para determinar a mobilidade socioeconômica entre gerações", diz a ONU.

Pai e filho. Segundo o estudo da ONU, é baixo também o crescimento do nível de escolaridade entre pai e filho. E esse resultado é influenciado pelo patamar educacional da geração anterior.

No Brasil, essa influência chega a ser de 55%, enquanto nos EUA esse porcentual é de 21%. O Brasil, nesse quesito, perde para países como Paraguai, Panamá, Uruguai e Jamaica. O estudo do PNUD destaca que acesso a bens e serviços públicos podem ajudar a aumentar essa mobilidade educacional.

A evolução do gasto público social é destacada pelo órgão da ONU.

Gasto social. Segundo o estudo, esse tipo de despesa gira em torno de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) na região. Entre 2001 e 2007, o gasto por habitante aumentou 30%, de acordo com o relatório, sendo que a maior parte disso concentrou-se em segurança e assistência social.

"É possível afirmar que os países da América Latina e Caribe realizaram um importante esforço para melhorar a incidência do gasto social", diz a conclusão do estudo.

O PNUD ressalta o crescimento econômico de alguns países nos dez últimos anos, entre eles o Brasil, mas faz um alerta: "Ainda que sejam evidentes os avanços no desenvolvimento humano e na diminuição da pobreza em diversos países da região, os valores agregados escondem importantes desigualdade".

Os dados apontam ainda que as mulheres e as populações indígenas e afrodescendente são os mais prejudicados pela desigualdade social na América Latina e Caribe.

No Brasil, por exemplo, apenas 5,1% dos descendentes de europeus vivem com menos de 1 dólar por dia. O porcentual sobe para 10,6% em relação a índios e afros. Mais uma vez, o PNUD lembra que os acessos a infraestrutura, saúde e educação poderiam alterar esse cenário.

Propostas. O estudo da ONU defende que é possível romper o círculo vicioso da desigualdade. Para isso, são necessárias políticas que combatam a pobreza de forma estratégica "A desigualdade é um obstáculo para o avanço no desenvolvimento humano, e sua redução deve incorporar-se explicitamente na agenda pública", diz o documento.

Fonte: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100724/not_imp585384,0.php

A desigualdade e a erosão do Estado de Direito - Oscar Vilhena - trecho

Invisibilidade, demonização e imunidade

O argumento central proposto aqui é que a exclusão social e econômica, oriunda de níveis extremos e persistentes de desigualdade, causa a invisibilidade daqueles submetidos à pobreza extrema, a demonização daqueles que desafiam o sistema e a imunidade dos privilegiados, minando a imparcialidade da lei. Em síntese, a desigualdade profunda e duradoura gera a erosão da integridade do Estado de Direito. A lei e os direitos sob essas circunstâncias podem, com freqüência, ser vistos como uma farsa, como uma questão de poder, para que aqueles que estão entre os mais afortunados possam negociar os termos de suas relações com os excluídos.

Invisibilidade significa aqui que o sofrimento humano de certos segmentos da sociedade não causa uma reação moral ou política por parte dos mais privilegiados e não desperta uma resposta adequada por parte dos agentes públicos. A perda de vidas humanas ou a ofensa à dignidade dos economicamente menos favorecidos, embora relatada e amplamente conhecida, é invisível no sentido de que não resulta em uma reação política e jurídica que gere uma mudança social.

Além da miséria em si e todas as conseqüências deploráveis na figura de violações de direitos, uma das expressões mais dramáticas da invisibilidade no Brasil é representada pelos altos índices de homicídios que vitimizam predominantemente as populações mais carentes. Segundo o que a Organização Mundial da Saúde demonstrou em seu último relatório sobre violência, a América Latina possui o pior registro de índices de homicídio no planeta. O Brasil, um dos países mais violentos da região, acumulou mais de 800.000 mortes por homicídio doloso nas últimas duas décadas.33 Mais pessoas se tornam vítimas de homicídio a cada ano no Brasil do que na Guerra do Iraque.34 É importante dizer que uma ampla maioria dos mortos é economicamente desfavorecida, pouco instruída, jovem, masculina, negra e residente na periferia social brasileira.35 Como cuidadosamente demonstrado por Fajnzylber, Lederman and Loayza, há uma forte relação causal entre a desigualdade e os índices de crimes violentos.

Quando incluímos outros índices de criminalidade e o fato de que muitas regiões carentes em grandes cidades são controladas pelo crime organizado, com a complacência dos agentes públicos, estes números nos transmitem a mensagem de que a lei não é capaz de servir como uma razão para a ação em muitos meios. E, principalmente, que as restrições legais, como as apresentadas pelo sistema jurídico penal, são insuficientes para proteger grupos vulneráveis dentro da sociedade. Níveis obscenos de impunidade, além de permitir perdas de vidas humanas entre os mais pobres, por não receberem uma resposta apropriada por parte do sistema jurídico, reforçam a idéia perversa de que essas vidas não possuem valor. O círculo vicioso de altos níveis de criminalidade violenta e a impunidade tornam brutais as relações interpessoais e reduzem a nossa capacidade de compaixão e solidariedade.

Porém, se a invisibilidade pode ser aceita em sociedades tradicionais, ela se torna um problema muito preocupante num regime democrático e num contexto consumista. Para muitos que não experimentaram a sensação de serem tratados com igual consideração e respeito por aqueles responsáveis por aplicar a lei e pela sociedade em geral, não existe razão alguma para que ajam em conformidade com o Direito. Em outras palavras, para aqueles criados como invisíveis em sociedades não tradicionais, há ainda menos razões morais ou instrumentais para respeitar as leis. A conseqüência é que, ao desafiar a invisibilidade através de meios violentos, os indivíduos começam a ser vistos como uma classe perigosa, à qual nenhuma proteção legal deve ser dada.

Demonização, portanto, é o processo pelo qual a sociedade desconstrói a imagem humana de seus inimigos, que a partir desse momento não merecem ser incluídos sobre o domínio do Direito. Seguindo uma frase famosa de Grahan Greene, eles se tornam parte de uma “classe torturável”. Qualquer esforço para eliminar ou causar danos aos demonizados é socialmente legitimado e juridicamente imune.

Para compreender a demonização, nós voltamos nossa atenção às violações maciças de direitos humanos. O uso arbitrário da força pelos agentes públicos ou outros grupos armados, com a cumplicidade oficial, contra pessoas demonizadas - como suspeitos, criminosos comuns, presos e mesmo membros de movimentos sociais - é registrada todos os anos por organizações de direitos humanos locais e internacionais. A base de dados de impressa do Centro de Estados da Violência da Universidade de São Paulo registrou mais de seis mil casos de uso arbitrário e mortal da força por policiais brasileiros de 1980 a 2000. Cada um desses casos resultou em pelo menos uma morte.37

De acordo com o Relatório 2006 da Human Rights Watch, “a violência policial – incluindo o uso excessivo da força, execuções extrajudiciais, tortura e outras formas de maus tratos – persiste como um dos problemas mais incontroláveis de direitos humanos no Brasil”. Em 2006, a polícia, apenas no estado do Rio de Janeiro, matou mais de mil pessoas.

A tortura permanece uma prática comum tanto nas investigações policiais, quanto nos métodos disciplinares usados no sistema prisional e em unidades de internação de adolescentes em conflito com a lei. Conforme demonstrado pelo antigo Relator Especial sobre Tortura das Nações Unidas, Sr. Nigel Rodley:

A tortura e outros maus tratos similares estão distribuídos em uma base esparsa e sistemática na maioria das regiões do país visitadas pelo Relator Especial [...]. Isso não ocorre a todas as pessoas ou em todos os lugares; acontece principalmente aos economicamente desfavorecidos, criminosos comuns negros envolvidos em crimes pequenos ou em tráfico de drogas de baixa escala [...]. As condições de detenção em muitos lugares são, conforme francamente informado pelas próprias autoridades, subumanas [...]. O Relator Especial se sente compelido a comentar que se sentiu, em muitas unidades de detenção, e especialmente nas delegacias policiais que ele visitou, sensorialmente agredido de forma insuportável. O problema não foi amenizado pelo fato das autoridades estarem frequentemente conscientes das condições que ele iria descobrir e de o terem advertido acerca delas. Ele poderia apenas se simpatizar com a posição comum que ouviu daqueles que estavam agrupados como rebanhos no sentido de que “eles nos tratam como animais e esperam que nós nos comportemos como seres humanos quando sairmos”.39

Rodley conseguiu nessa sentença captar a essência da demonização. Seres humanos tratados como animais não têm razão para agir de maneira lícita. A demonização, além de ser uma violação à lei em si, cria uma espiral autônoma de violência e de comportamento brutal de uma parcela dos indivíduos uns contra os outros e ajuda a explicar não apenas os índices de homicídio alarmantes, mas também a crueldade extrema de algumas manifestações de criminalidade.

A
imunidade perante a lei, para aqueles que ocupam uma posição extremamente privilegiada na sociedade, é a terceira conseqüência da desigualdade profunda que resta ser mencionada aqui. Numa sociedade altamente hierarquizada e desigual, os ricos e poderosos ou aqueles agindo em nome deles se vêem como seres acima da lei e imunes às obrigações correlatas aos direitos das demais pessoas. A idéia de imunidade pode ser entendida focando-se na impunidade dos violadores de direitos humanos ou daqueles envolvidos em corrupção, poderosos ou economicamente favorecidos.

A impunidade dos violadores de direitos humanos é endêmica no Brasil, conforme relatado por grandes organizações de direitos humanos e também reconhecido pelas autoridades federais. Casos como Vigário Geral (1993), Candelária (1993), Corumbiara (1995), Eldorado de Carajás (1996) e Castelinho (2002) ou a reação da polícia aos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em 2006 resultou em centenas de vítimas de execuções extrajudiciais, sem maior esforço para responsabilizar os agentes públicos. Porém, talvez, o caso de impunidade mais notório com relação a uma violação extrema de direitos humanos seja o inocentamento do Coronel Ubiratan Guimarães, pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em 2005. Ubiratan Guimarães foi o responsável pela operação policial que resultou na morte de cento e onze presos, conseqüência de rebelião em uma prisão em 1992. Depois de treze anos ninguém foi responsabilizado pelo “Massacre do Carandiru”. O Governador do Estado e o Secretário de Segurança Pública da época não foram nem ao menos investigados por seu envolvimento no incidente, mandando um claro sinal de que as pessoas
demonizadas não estão protegidas pela lei.

A imunidade é também um exemplo seguido pelos envolvidos em corrupção. Apesar de o Brasil ter recebido uma nota geral moderada no Índice Global de Honestidade (Global Integrity Index), publicado todo ano pela Transparência Internacional – ocupando a posição sessenta e dois entre os países analisados – o desafio ainda não superado da aplicação imparcial das leis não pode ser ignorado. Nas duas últimas décadas, tem havido dezenas de escândalos envolvendo políticos, empresários e membros do judiciário. A enorme maioria deles acaba em impunidade para todos os envolvidos. Nos últimos dez anos, dos vinte e seis casos de corrupção envolvendo membros da Câmara dos Deputados que chegaram à Suprema Corte, nenhum foi considerado culpado. Nesse exato momento, a maioria dos ministros da Suprema Corte declarou inconstitucional a lei de anticorrupção que permitia políticos e outros agentes públicos serem investigados por juízes de primeira instância. Se essa decisão for mantida pelo Plenário da Corte, estima-se que mais de catorze mil processos judiciais contra agentes públicos por todo o país serão sumariamente extintos, ampliando a percepção de que a lei não se aplica aos poderosos da mesma maneira que é aplicada contra aqueles destituídos de direitos.

A distribuição desproporcional de recursos entre os indivíduos e grupos dentro da sociedade subverte as instituições, incluindo o trabalho das instâncias responsáveis pela aplicação da lei. Uma análise do censo penitenciário brasileiro mostra que apenas os economicamente desfavorecidos e pouco instruídos são selecionados pelo sistema penal brasileiro para serem encarcerados. Essa é a conclusão de Glaeser, Scheinkman and Shleifer, depois de uma análise econométrica do impacto da desigualdade nas instituições judiciárias: “a desigualdade [...] permite que os riscos subvertam as instituições políticas, regulatórias e jurídicas da sociedade em seu próprio benefício. Se a pessoa for suficientemente mais rica do que outra e as cortes forem corruptíveis, então o sistema jurídico irá favorecer o lado economicamente mais fortalecido e não o mais justo. Da mesma maneira, se as instituições políticas e de regulação puderem ser influenciadas pela riqueza e pela influência, então elas favorecerão o que já está estabelecido, não o mais eficiente”. Conforme demonstrado pela experiência do Advogado Geral da União no Brasil “a corrupção é conseqüência direta da concentração perversa de riqueza no Brasil”. A conclusão é que a impunidade, embora seja um fenômeno generalizado no Brasil, é mais acentuado entre os privilegiados.


Fonte: http://www.surjournal.org/index6.php

Estudo encomendado pelo governo aponta encarceramentos em excesso

Pesquisa constata violações de direitos e será base para mudar Estatuto e da Criança e do Adolescente

Notícia publicada na Folha de s.Paulo - edição de 13 de julho de 2010

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Vinte anos completados hoje, o Estatuto da Criança e do Adolescente deverá passar por uma reforma para corrigir seu principal defeito, segundo estudo contratado pelo governo federal: excesso de privação de liberdade.

Levantamento de 2009 mostra que, de 17.856 jovens infratores que cumpriam medidas socioeducativas no país, 15.372 estavam atrás das grades (86% do total).
A nova alteração do ECA -a 12ª da sua história-, em discussão no Ministério da Justiça, quer mudar essa cultura do Judiciário.

Os juízes têm se inclinado pela reclusão em vez de aplicar outras medidas como liberdade assistida (sem reclusão, mas com acompanhamento) ou semiliberdade (reclusão só à noite).
O estudo, feito pela Universidade Federal da Bahia -escolhida por edital-, conclui que o Judiciário interna muitas vezes sem provas, sem fundamentação legal e em audiências precárias.

Segundo o secretário de Assuntos Legislativos do ministério, Felipe de Paula, o trabalho subsidiará discussão com o Conanda (Conselho Nacional da Criança e do Adolescente) e outros órgãos, como a Secretaria Especial de Direitos Humanos.

O ponto fundamental do estudo é que juízes não têm garantido aos adolescentes os direitos que o Código Penal garante para qualquer um, como audiências presenciadas por testemunhas.
"Você não pode criar um sistema que seja mais severo do que o do adulto", diz Maria Gabriela Peixoto, coordenadora-geral da equipe de direito penal do ministério.

É comum também que jovens sejam internados como medida protetiva, com motivos como "falta de estrutura familiar", algo que não seria feito para um adulto.

ALGEMAS
O estudo, feito em seis Estados e no STJ (Superior Tribunal de Justiça), listou violações de direito como audiências de três minutos e sem atuação efetiva da defesa. Também foi detectada a quase impossibilidade de o jovem recorrer ou esperar o julgamento em liberdade.

As apreensões em flagrante sem liberação chegam a 91% (em Porto Alegre). E nas audiências é corriqueiro o uso de expressões do direito penal de adultos, como "prisão" e "condenado". Em Porto Alegre, é comum o uso de algemas até na audiência.

Na fase policial, há falhas como não informar a família. Na capital gaúcha, nos 11 processos examinados, a família não foi contatada em razão de "falha telefônica".

Fonte: http://www.cenpec.org.br/modules/news/article.php?storyid=1020

Enem 2009 revela que das mil piores escolas do país, 97,8% são estaduais

BRASÍLIA - As escolas das redes estaduais de educação voltaram a apresentar o pior desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2009). O resultado, divulgado pelo Ministério da Educação, revela o tamanho do desafio que os governadores eleitos terão de enfrentar diante do ensino de péssima qualidade oferecido pelos estados. Quase sete mil escolas de todo o país tiraram média abaixo de 500, numa escala que vai de 0 a 1.000. Dessas, nada menos que 97,8% são das redes estaduais. Entre os estabelecimentos de ensino reprovados no Enem 2009 com média abaixo de 500, há apenas quatro escolas federais.

As notas do Enem por escola estão disponíveis no site do Ministério da Educação a partir desta segunda-feira. A situação também é dramática quando se avalia quem é quem entre as mil melhores escolas do país. Na relação, aparecem apenas 26 escolas estaduais, duas municipais e 85 federais. Há um predomínio absoluto das escolas privadas entre as melhores: 887 são particulares.
As redes estaduais de ensino médio respondem por 85,9% das matrículas no país e recebem 7,16 milhões de estudantes, do total de 8,33 milhões no país. As escolas privadas têm 973 mil alunos (11,6%). Outra avaliação do MEC, divulgada no início do mês - o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) -, revelou o abismo que separa a rede pública da privada: o Ideb do ensino médio nas redes estaduais ficou em 3,4, na escala até 10. O da rede particular, em 5,6.

A adesão ao Enem é voluntária. Estudantes da rede pública e privada se inscrevem individualmente. O MEC divulga nesta segunda-feira as notas médias de 24.157 escolas no Enem 2009. Outras 12.448 escolas ficaram sem nota porque menos de dez alunos fizeram a prova.

Joaquim Neto, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) - órgão responsável pelo exame, vinculado ao MEC -, diz que os resultados devem servir de base para análises sobre o que está surtindo efeito ou não em termos de aprendizagem. Ele ressalva, porém, que o Enem não é feito por todos os estudantes do terceiro ano do ensino médio, já que a inscrição é voluntária. Assim, a média de cada escola tem relação direta com os alunos que fizeram ou deixaram de fazer o exame.

- Os dados do Enem têm que ser olhados com cuidado, porque o exame é voluntário. A escola tem que olhar qual foi o perfil dos estudantes que participaram - diz ele.
No Rio, só São Bento entre as 10 mais
O Enem substitui ou complementa vestibulares em dezenas de universidades federais. O exame também seleciona bolsistas do ProUni (programa Universidade para Todos), dá certificado de conclusão do ensino médio a quem não cursou a rede regular de ensino e orienta pais e responsáveis sobre o nível de aprendizagem na instituição onde o filho estuda.

O Vértice Colégio Unidade II, de São Paulo, aparece como a melhor escola em todo o país. Ao todo, 37 dos 62 alunos matriculados no terceiro ano da escola submeteram-se ao Enem. A média total do colégio, somando prova objetiva e redação, foi de 749,70. No Rio, a instituição mais bem classificada foi o Colégio São Bento, que ficou em terceiro lugar no ranking nacional.

Entre as dez escolas com melhor desempenho, a única que não é privada é o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (MG) - uma escola de ensino médio federal, que ocupa o sétimo lugar. Em 2009, os estabelecimentos federais tinham 90 mil alunos de ensino médio no país (1% do total).

As outras nove escolas do topo do ranking são privadas, na seguinte ordem de classificação: Colégio Vértice (SP), Instituto Dom Barreto (Teresina-PI), Colégio São Bento (Rio), Colégio de Educação Básica Alphaville (Campinas-SP), Colégio Alexander Fleming (Campo Grande-MS), Colégio Olimpo (Brasília-DF), Colégio Bernoulli (Belo Horizonte-MG), Colégio Hellyos (Feira de Santana-BA), Mobile Colégio (São Paulo-SP).

Quase a totalidade das mil piores escolas do país, segundo o Enem 2009, é da rede estadual. Apenas dez privadas (1%) estão nessa relação; 17 são municipais (1,7%), e 973 são estaduais (97,3%). A Escola Estadual Indígena Dom Pedro I, da área rural de Santo Antônio do Içá, no Amazonas, ocupa o último lugar. A nota média foi de 249,25 em 1.000. Ao todo, 40 dos 58 alunos do colégio em condições de prestar o Enem fizeram as provas.

Fonte: http://oglobo.globo.com/educacao/mat/2010/07/18/enem-2009-revela-que-das-mil-piores-escolas-do-pais-97-8-sao-estaduais-917177004.asp

Seminário “Direitos Autorais: um debate com toda a sociedade”



O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e a Rede pela Reforma da Lei de Direitos Autorais (www.reformadireitoautoral.org.br), com apoio do Ministério da Cultura, promovem no próximo dia 19 de julho no Tucarena, em São Paulo, o seminário “Direitos Autorais: um debate com toda a sociedade”

O objetivo do seminário é discutir de forma ampla e exaustiva a proposta de revisão da lei de direitos autorais (Lei 9.610/98 - LDA) e sua relação com áreas como a defesa do consumidor, a cultura digital, a proteção do autor, o acesso ao conhecimento e a produção e circulação de bens culturais. O debate é importante especialmente nesse momento em que está aberta a consulta pública do anteprojeto de lei, proposto pelo MinC, que revisa a LDA e que se submete a contribuições até o dia 28 de julho.

A Rede pela Reforma da LDA é composta por mais de 20 organizações da sociedade civil, entre as quais o Idec, que entendem que a consulta pública para a reforma da lei é essencial para que toda a população possa opinar sobre esse tema tão importante para a compreensão da cadeia e consumo da cultura. Além disso, acreditam que é necessário criar uma lei mais flexível, que permita usos educacionais, científicos e pedagógicos, e que seja mais compatível com os avanços tecnológicos e as possibilidades digitais.

As inscrições são gratuitas. Vagas limitadas!

Dia: 19 de julho de 2010
Horário: 09h00 às 19h30
Local: Tucarena, Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes, São Paulo, SP
Realização: Rede pela Reforma da Lei de Direito Autoral
Organização: Idec, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
Apoio: Ministério da Cultura, Open Society Institute; Consumers International e Fundação Ford
Inscrições gratuitas. Vagas limitadas

PROGRAMAÇÃO

08h30 Credenciamento

09h00 Abertura


09h15 Mesa I - Os Direitos autorais no Brasil
• Panorama sobre os direitos autoriais no país
• A legislação Brasileira e a reforma da lei de direitos autorais
• Restrições e possibilidades da Lei de Direito Autoral (Lei 9610/98 - LDA)
Palestrantes: Professor Carlos Affonso, Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV / Denis Barbosa, FGV / Marcos Alves, Diretor de Direitos Autorais do Ministério da Cultura / Professor Marcos Wachowicz, UFSC / Sergio Amadeu, Sociólogo, Professor UFABC

11h00 Apresentação do Ministro da Cultura Juca Ferreira

12h00 Almoço livre

13h00 Mesa II - Gestão Coletiva dos direitos autorais e a supervisão pública
• A gestão dos direitos autorais e função das organizações coletoras
• Regulação e supervisão
Palestrantes: Alexandre Negreiros, Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro / Ana Paula Martinez, Diretora do Departamento de Proteção e Defesa Econômica do Ministério da Justiça / Luiz Gaspar Costa, Procurador, Ministério Público Federal / Tim Rescala, Compositor

15h00 Mesa III - Direitos autoriais e acesso ao conhecimento
• Limitações e exceções educacionais
• Reprografia e novos modelos editoriais
• Financiamento público e acesso à literatura científica
Palestrantes: Augusto Chagas, Presidente ds UNE / Lilian Starobinas, educadora / Sergio Amadeu, Sociólogo, Professor UFABC / Pedro Paranaguá, Universidade de DUKE/EUA / Professor Túlio Vianna, Professor UFMG


17h00 Intervalo

17h30 Mesa IV - Direito Autoral, produção artística e acesso à cultura
• Novos modelos de negócios e arranjos produtivos na cadeia cultural
• Circulação e disponibilização de bens culturais
• Reposicionamento do autor, do artista e novas relações com o consumidor
Palestrantes: Fernando Anitelli, Teatro Mágico / GOG, rapper / Oona Castro, pesquisadora do Instituto Overmundo / Pena Schimdt, produtor musical

19h00 Encerramento

Fonte: http://www.idec.org.br/direitos-autorais/

Transfer: Arte urbana e Contemporânea / Transferências e Transformações

Seminário "O Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Brasil" (08/07/10)

Contexto e Desafios para o Desenvolvimento no Brasil

Quinto maior país do mundo, com a quinta maior população, o Brasil é a principal potência econômica e política da América do Sul. Milhões de brasileiros, porém, vivem à margem dos benefícios derivados da força econômica e política do país. O Brasil é um país de renda média com consideráveis recursos naturais, humanos e tecnológicos. Muito embora tenha progredido enormemente nos últimos 50 anos, suas populações marginalizadas não estão colhendo os benefícios de tal progresso, Indicadores agregados mascaram uma série de iniqüidades baseadas em fatores como situação econômica, região, etnia, gênero e linhas divisórias entre áreas urbanas e rurais.

Os dados de instituições internacionais relativos a 2004 indicam que aproximadamente 52,3 milhões, ou 32% dos brasileiros, vivem com menos de US$ 2/dia, enquanto que a pobreza extrema (menos de US$1/dia) afeta por volta de 10% da população total. Os brasileiros mais pobres são encontrados na Região Nordeste e nas periferias dos principais centros urbanos do país. Ao lado dessa pobreza, existe enorme riqueza. O índice Gini do Brasil é 0,6, o que coloca o país entre os de maior desigualdade no mundo.

Tão lamentável panorama reflete uma realidade ainda mais desoladora: o descrito contexto de desigualdades acaba dando margem a praticas criminosas que serão abordadas no Seminário "O Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Brasil", a ser apresentado por Anália Belisa Ribeiro, psicóloga e especialista em Direitos Humanos e Proteção a Testemunhas, que atualmente coordena o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoal do Governo do Estado de São Paulo.

Data: 8 de julho de 2010
Horário: 14:30 horas

Endereço
Av. Professor Lúcio Martins Rodrigues
Travessa 4 - Bloco 2 - Cidade Universitária - CEP 05508-020
São Paulo - SP - Brasil

Telefone: 55 (11) 3091-4951
Fax: 55 (11) 3091-4950

Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas



A Publicação "Cartilha Ilustrada da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas" foi traduzida para o Guarani e foi lançada no dia 1º de julho

A ilustração foi produzida a partir de um concurso, aberto à participação dos países do Mercosul e realizado dentro do projeto cultural Ava Marandu - Os Guarani convidam, foi editada em guarani, português e espanhol. O Projeto Ava foi realizado de janeiro a junho deste ano e teve a participação direta de sete aldeias Guarani do Mato Grosso do Sul.

Além do lançamento da Cartilha, a cerimônia, que foi realizada na sede do Pontão Guaicuru, terá ainda a premiação dos vencedores dos concursos de Redação, Poesia, História em Quadrinhos e Desenho - Cultura e Direitos Humanos dos Povos Guarani, também realizados no âmbito do Projeto Ava Marandu, e do vencedor do Concurso de Ilustração da Cartilha da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. A Cartilha foi traduzida para o Guarani pela equipe de professores da aldeia Te’ýikue formada por Eliel Benites, Edson Alencar, Cajetano Vera e Lídio Cavanha Ramires.

“Além de contribuir significativamente para a divulgação da Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, esta publicação, também na língua Guarani, oferece ao povo desta etnia uma ferramenta que poderá ser utilizada nas escolas indígenas, permitindo a apropriação do conteúdo da declaração, e contribuindo para o fortalecimento desta que é uma das línguas mais faladas no Brasil, e uma das línguas oficiais do Mercosul”, afirmou o ministro da Cultura, Juca Ferreira, ao comentar a importância da publicação do documento.

O Pontão Cultural Guaicuru justifica no texto de apresentação da Cartilha que “a primeira tradução do texto da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas para a língua Guarani kaiowá é uma conquista do Projeto Ava Marandu e ajudará crianças, jovens, adultos e idosos da etnia a conhecer e lutar para fazer valer os direitos humanos e o respeito ao universo indígena”.

A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi adotada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em 13 de setembro de 2007. De acordo com o Diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC), Giancarlo Summa, ela é um instrumento para ser usado na luta dos povos indígenas do mundo inteiro pela afirmação de seus direitos. “É importante que a Declaração se torne cada vez mais conhecida e difundida e seja traduzida no maior número possível de línguas indígenas”, lembrou Summa.

“Conhecer nossos direitos, na nossa própria língua, é o primeiro passo para que esses direitos sejam efetivamente respeitados. A tradução para o Guarani da Declaração, realizada no âmbito do projeto Ava Marandu, é de extrema relevância, prática e simbólica, e merece o reconhecimento, e o agradecimento, de todos”, completou o diretor do UNIC.

O Pontão de Cultura Guaicuru fica na Rua Treze de Maio, 727, Vila Santa Dorothéia, em Campo Grande - MS. (Heli Espíndola/Comunicação/SID)



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